07 setembro, 2010

Daquela menina e moça.















Estas fotografias foram tiradas no dia em que eu descobri o verdadeiro significado de… colinas! Tal não é o meu espanto quando em vez das muralhas que perseguia com os olhos desde o rossio, encontro a bela da vista do Largo da Graça, e vejo os benditos pedregulhos no monte ao lado. Não que isso fosse um problema, muito pelo contrário. Não há nada como descobrirmos por nós mesmos um sítio bonito, principalmente se for sem querer. Portanto, só tive que descer e voltar a subir. Quando por fim cheguei à entrada do castelo, acabei por nem entrar (sim, não me apeteceu pagar para ver Lisboa, quando a posso ter toda de graça). Seja como for, o principal já tinha visto e percorrido: porque a meta era o caminho.
Depois de um belo corneto numa mini esplanada à entrada do castelo lá fui eu, por entre estendais de roupa esbranquiçada; senhoras à janela a conversar, que desviam a conversa e o olhar à minha passagem, desconfiadas com aquela não esperada visita; crianças a correrem por aquelas pedras escorregadias, sujas de tempo; e cada recanto daquela cidade a pousar debaixo do sol, extasiado, completo. E os cheiros… não, Lisboa não me cheirou a flores, mas à medida que percorria o bairro de Alfama (sem saber ao principio que era aí que me encontrava), foram tantos os perfumes que aí fui reconhecendo e saboreando como familiares, como crus, genuínos, que parei - e reparei - que naquele sitio tão diferente daqueles a que me ensinaram a chamar como meus, também se criam vidas, endereços, lares. Pessoas. As pessoas que fazem esses lares.
E assim continuei, num cansaço unicamente de corpo, a descer por entre as ruelas que ali são avenidas. E a encantar-me. Por uma cidade que a obrigação não me deixava ver, e a rejeição à priori não me deixava sentir.
Quem sabe se um dia não falarei em saudades desta terra. Onde falando sou turista, mas que, e talvez por isso, gosto de a viver.

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