29 maio, 2008

Música #4




A música, porque sei que tem um significado especial para a minha irmã,
E porque eu também gosto muito.
Este video em particular, porque estes foram em tempos, sem dúvida alguma, um dos meus desenhos animados preferidos. =)

Ah! Especial atenção à parte do parque de diversões! xD É tão lindo =D

26 maio, 2008

Era uma vez uma consciência.

Hoje vou jogar conversa fora. Quero dizer coisas sem sentido, falar sem medidas, opinar sem limites. Aquilo que toda a gente faz quando fala com os seus botões. Vá que os meus já nem me possam ouvir! E então quando ela se põe a repetir pela milésima vez que afinal é tudo uma questão de crescimento! Sim, amigos. Há quem descubra uma vez e isso seja-lhe suficiente, mas também há gente que tem que descobrir a mesma filosofia constantes e repetidas vezes! Loucura? Não! Chama-se crescer. Que não restem cá duvidas. E por falar em loucura, lembrei-me da falta dela. Não basta sermos mundialmente desproporcionados no que toca a dinheiro, se não, ainda o somos em loucura. Valha-nos Deus. Ou então não. Porque (com o devido respeito) mas só alguém no seu (ainda que ligeiro) estado de insanidade, é que dá assim de mão beijada um planeta inteirinho que tanto trabalho deve ter dado a construir, a uma cambada de tresloucados, que generosamente se auto intitularam de racionais. Ao menos que alguns ainda tivessem a decência e amabilidade para com o seu povo, de saltitar de livre vontade para debaixo do chão. Vês, vira o disco e toca o mesmo, tinha que ir lá parar! Ora não fosse esse o seu segundo maior desejo. Não perguntes qual é o primeiro que ela também não sabe. Deve ter sido porque o segundo lugar lhe pareceu bem. E olha que de segundos e terceiros e enésimos lugares percebe ela. Qual primeiro qual quê! Isso está fora de moda, pelo menos na terra do nunca. Ai não vos disse? É para lá que ela vai quando não tem nada que fazer (e entenda-se por nada que fazer, nada que lhe interesse ou apeteça fazer, ou seja, tudo. Algo que não é nem nunca foi associado a preguiça. São puras necessidades um tanto sobrenaturais que só em mentes perturbadas e almas complicadas se alojam. Que fique esclarecido senhor botão!) Pior que pensar no quão desesperada e infeliz poderia se tornar, com tantos atributos com que se gloriou nesta área, só mesmo quando descobre (sinal de crescimento!) que afinal é tudo tão simples como um querer e fazer. E quando ela vê que é mesmo verdade. Não há quem a aguente! Até porque já se sabe que são ventos de pouca dura. Ora pensamentos vêm, ora pensamentos vão. Ora uma maré de optimismo ora vamos lá mas é ficar destroçados mais uns tempos, que isto até deve ter a sua piada. Afinal, uns dizem que cada um tem o que merece, outros dizem que nós é que cativamos aquilo que (não) temos. Pior ainda! Alguns dizem que quando uma dor se prolonga durante demasiado tempo é porque tem alguma recompensa associada! E ainda querem gente sã para ir ao espaço! Só se não lerem, não ouvirem, não falarem, e acima de tudo, não sentirem! Porque é (mais que) sabido, que se querem perder quaisquer noções espaciais ou temporais só têm que fazer uma coisa: Sentirem! Mas sentirem bem, e muito, e desalmadamente. E, acima de tudo, não fazerem mais nada para além disso. Ora aí têm os ingredientes necessários para um bom voo sobre o abismo. Só não se esqueçam é de crescer! Ah, e algo fundamental: façam das ditas ironias e dos ditos acasos a vossa bíblia sagrada. Esses sim, são uns gajos bem porreiros e com uma capacidade suicida extraordinária. Nem eu teria ideias melhores, garanto. É tudo muito simples. Quando vem a onda de sentimentalismos e vitalidade, chama a coincidência que ela dá logo conta do assunto! Qual Rocky Marciano qual quê!
Então e a música? Uma verdadeira campeã nos penalties.
E o que o Rui não sabia é que afinal não se ama é quem ouve a mesma canção.
E não bebo. Olha se bebesse.

19 maio, 2008

Recordações

"Eu sou aquele que te quer ensinar
A viver feliz e amigos encontrar.
Eu sou aquele que sabe os seus limites,

Resolver problemas não é coisa de aflitos.

Aprender pode ser divertido
Nas brincadeiras deves ter maneiras
É importante saber comunicar
E falar das nossas emoções

Arranjar formas de negociar,
Há que não ter medo de ter medo
Pensa pela tua cabeça e aprende a dizer não!

Eu sou aquele que te quer ensinar
A viver feliz e amigos encontrar.
Eu sou aquele que sabe os seus limites
Resolver problemas não é coisa de aflitos. "


Uma música que alguém inventou exclusivamente para que a sala 1 da escola primária da Pedra Mourinha pudesse brilhar naquele tórrido dia no parque da juventude.
Como se sentiu orgulhosa aquela pequena e ingénua criança ali bem no meio da fila da frente...

14 maio, 2008

VII

A porta está aberta como sempre. Numa curiosidade de há muito por saciar dirijo-me na sua direcção… Em passos curtos e hesitantes percorro o passeio de calçada escorregadia, espelho do tempo húmido que dominou nesta acinzentada data. Entro. Um senhor de bigode branco, sentado num dos bancos compridos de madeira escura no centro da sala, de bengala pousada sobre os joelhos e de boina caída sobre o nariz, parece dormitar, indiferente à minha entrada no edifício. Junto a uns placares de cortiça repletos de folhas recheadas de tabelas e letras minúsculas, duas raparigas de aparência estrangeira, cada uma carregando às costas uma enorme mochila, parecem procurar seu destino por entre os panfletos afixados. Na porta, agora atrás de mim, entra de rompante um senhor alto, bem vestido, carregando uma única e pequena mala preta, dirigindo-se em passos largos e nervosos para a bilheteira. A casa quase vazia faz ecoar a voz rouca e sussurrada do senhor, chegando até mim quase imperceptível. Um chão antigo e decorado ao pormenor, abre caminho para outra porta que dá passagem novamente para o exterior, através da qual uma claridade baça e ofuscante me semicerra os olhos, enigmaticamente atraídos pelo desconhecido lugar. Desloco-me até essa porta e saio. O dia acabrunhado pelas pesadas nuvens negras torna ainda mais triste aquele local onde milhares já disseram adeus a quem partia e outros tantos já receberam de braços abertos quem de chegada estava. Eu, nem digo adeus nem recebo ninguém. Fico. Em silêncio.
Não obstante que a primeira vez que viria a entrar num comboio ainda estivesse para vir passados uns longos meses, bem como nunca tenha estado sequer numa estação à espera de alguém conhecido, o som do comboio em movimento sobre os pesados e imortais carris, sempre me transmitiu uma sensação inexplicavelmente mágica e nostálgica. Como se noutra vida tivesse presenciado com desgosto a partida de alguém querido, para algum lugar distante e insondado. Como se a dor de o ver partir trespassasse a própria morte e encarnasse em mim com a mesma crueza e sensibilidade. Como se a mágoa do adeus não pertencesse apenas a um único ser, mas a duas almas castigadas: à que partia, e à que via partir. Como se cada vez que começasse a ouvir ao longe o ruído penetrante e repetido da locomotiva, meu coração tomasse esse ritmo como sendo o seu e, em uníssono com a melodiosa e incessante batida férrea, me tirasse o fôlego e me largasse desmoronada sobre o chão de pedra áspero junto à porta da tua casa.
Aproximo-me da berma do passeio e debruço-me sobre as linhas negras e enferrujadas. Vejo-as estremecer num ritmo crescente e miraculosamente coordenado com o zunido que antes ouvira distante e que agora se aproxima de mim a uma velocidade vertiginosa. Num abraço sem reservas o vento solto empurra-me para trás, quase me derrubando, enquanto meus olhos se fixam questionados, no comboio que se atravessa soberano, a centímetros de mim.
Vigorosa e sem remorsos, a chuva começa a cair.

06 maio, 2008

VI

Um hábito que me fazia feliz. Um retrato diário do que parecia ser uma família perfeita. Quem diria.

Cai a noite. Um céu uniformemente pincelado de um azul infinito nos preenche a vista incansavelmente fascinada por cada ponto luminoso semeado por mãos sábias, aqui e ali pelas estradas da imensidão, tão pequena aos nossos olhos.
Acomodada no meu cantinho no banco de trás do carro, irremediavelmente junto à janela, vasculho entre as estrelas a protagonista da minha canção.
O rádio toca. A música quando ouvida á noite sempre teve um sabor especial. Uma arte que nos envolve e absorve, transportando-nos para lugares sem gente que Deus se esqueceu de criar.
Ao meu lado, na sua pequena e confortável cadeirinha, está a minha irmã, atenta ao que os meus pais nos lugares da frente estão a conversar, como se tentasse decifrar aquela linguagem estranha que os adultos insistem em utilizar para comunicarem. Mas o embalo do carro em movimento, por mais curta que seja a distância, é o suficiente para que logo desista de tentar desvendar aquele estranho diálogo, e feche aos poucos os seus pequenos, e já tão profundos olhinhos, adormecendo na sua tão feliz inocência.
Abro o vidro. Apesar de derradeiro, o verão ainda deixa dissipadas na aragem suas fragrâncias quentes e reconfortantes. Deixo o ar correr abruptamente para o interior do veiculo, como que buscando na sua impetuosidade ao cruzar com a minha cara, uma inspiração superior, uma fortaleza para as minhas crenças, tão infantilmente desenhadas. Enfeitiçada, deixo-me enredar na sua frescura densa e levito até às estrelas… -Fecha o vidro, ainda te constipas – interrompe-me a minha mãe. Contrariada, regresso à terra e lentamente rodo o manípulo, fechando o vidro.
A escola recomeçou faz poucos dias. Não que esta seja o meu lugar favorito, mas até fiquei contente que as férias acabassem. Já estava há demasiado tempo em casa sem saber o que fazer, e a minha mãe cansada de ouvir-me dizer que não sabia o que fazer! A única hora de que eu realmente gostava nas férias de verão era o fim da tarde quando podia ir para a rua brincar com as outras crianças minhas vizinhas e amigas das brincadeiras. Tirando isso, e mais ainda para quem ainda não conhece o verdadeiro trabalho escolar, sempre achei as férias de verão demasiado longas… Principalmente desde que te conheci.
Repito vezes sem conta a parte da letra já criada, fruto da noite e sem o papel como testemunho, para que numa próxima viagem a recomece no ponto onde a deixei, num ritmo que é só meu, numa página nas memórias da criança que um dia fui, num destino por mim traçado e fielmente consumado, até hoje.
*
Porque trago a música sempre comigo. A música e tu.

05 maio, 2008

Música #2



"Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou."

"E se vocês
não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou."

É loucura, ouço dizer...