24 março, 2011

Intervalo.

Talvez este desalinhar dos cabelos e esta fraqueza na voz não passem de um intervalo. Um intervalo como aqueles que inventaram – e nós aceitámos - na televisão, em que vimos repetidamente o mesmo anúncio, que por meios mais ou menos inocentes, nos tenta convencer de que é fácil a verdade. E nós olhamos, às vezes ouvimos, menos vezes recordamos, às vezes rimos até, outros desvalorizamos, mas ficamos. Mostramos desagrado com o tempo abusivo e descarado com que nos empurram publicidade viciosa, viciante, que nos obrigam a ver! dizemos nós ao vizinho do lado. Mas uma coisa é certa, ficamos. Não mudamos de canal. Porque aquilo que nos prende ali pode começar a qualquer momento.

(E porque no outro canal esperamos encontrar o mesmo intervalo, atulhado de pacotes coloridos e louvores, com a diferença de que não sabemos o que vai dar a seguir…)

Será caso para inspirar fundo, esperar que as horas passem e que, com um bocadinho de sorte, não deixem muita mossa.

Se ao menos eu não respirasse...

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