24 dezembro, 2014

Porque "O Natal não é uma data. É um estado da mente"...

Eis o que eu penso.
Não se trata de fraqueza ou cedência. Não se trata de inferioridade ou subjugação. Não. Trata-se de ser mais rico, mais desperto, de viver com clareza de espírito, com a superioridade de quem, por fim, compreende e com a astúcia de quem é capaz de sentir a pele de todas as personagens a que assiste.
É preciso olhar para o melhor do outro, não para o pior. Realçar, aos nossos olhos, ao coração dele, o melhor, o mais humano. Ser o egoísta completo: que luta e exalta o que de melhor tem em si, mas também o que apreende do outro.
Podem chamar-lhe ingenuidade, mas garanto, é uma ingenuidade dirigida, afagada, e acima de tudo consciente.
Porquê insistir em focar no que não nos agrada, na diferença que não entendemos ou rejeitamos. Por que não avivar e enunciar em voz de quem fez uma grande descoberta, o que de genuíno e apaziguador retirámos daquele ser fechado? É preciso trazer aos olhos de todos, incluindo dele próprio, o que compensa trazer à vida – o que nos alimenta e compõe, não o que nos destrói e consome. Perceber a individualidade de cada um e o que dela está ao nosso alcance. Ser flexível, ser perspicaz. E perceber que onde há quem precise falar, tem que haver quem saiba ouvir. Onde há quem erre, é preciso quem esteja disposto a ajudar a corrigir. Que onde há quem não tolere, tem que haver quem saiba tolerar. Não é passividade, não é condescendência. É capacidade de adaptação. É respeito. É saber que no meio da diferença, estamos todos juntos no mesmo barco. É interiorizar que cada um é feito de histórias que conhecemos e desconhecemos. Que cada um de nós é feito de passado, de presente e de ambições. É perceber que ser humano é ser diferente. E tão igual.
Se não está nas nossas mãos mudar o outro, porquê agir como se dominássemos a razão, o certo e o errado e julgarmo-nos capazes de conjecturar um juízo final e irreversível? Não podemos mudar o outro, não temos que o compreender, que compactuar com a sua forma de pensar ou agir. Não temos. Temos sim que pegar nesse conhecimento e contorná-lo, ir ao encontro do que o outro tem e que, afinal, até somos capazes de citar e alimentar. É preciso fortalecer o que temos em comum, nem que seja apenas o propósito ou a circunstância. Não temos alternativa – é a união para o objectivo ou o descarrilamento total.

Vamos arrumar os insultos, os rumores, a frontalidade desprovida de ponderação que mancha (ainda) mais a alma de quem a encena, do que a do interlocutor perplexo que, por ingenuidade, ignorância, ou ele próprio cego pela rivalidade e hostilidade, é incapaz de entender e receber o que lhe é dirigido. Sejamos claros no que desejamos e cientes do que atraímos.

É preciso paz para sermos melhores e acompanhar-mos o outro no seu caminho para ser melhor. É preciso sermos melhores para termos paz. Experimentem. E não se esqueçam do motivo que nos une. 
Um Feliz Natal!

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