07 fevereiro, 2008

III


Faz-me sorrir.
Nos dias menos bons, um sorriso sorrateiro, tímido, meigo, que de leve adoça um espirito desconsolado. Nos outros, um sorriso inocente de quem sente cada um dos sentidos despertado por esse aroma transparente e juvenil que veste a natureza na Primavera.
Jóias de um branco puro reluzente que mergulha delicadamente em tons de rosa nesses ramos desenhados sobre o imponente azul, encantam os olhares de quem passa, com uma beleza impar, como em tudo o que a natureza guarda em si.
Desço as escadas apressada, na ânsia de mais uma vez e outra poder ficar assim, durante vívidos instantes, observando-te, com o espanto de quem te deslumbra pela primeira vez. Só para sentir a caricia da brisa quente que entra pela janela, e que parece trazer consigo um pouco dessa naturalidade e pureza com que abraças os teus dias. Gosto de ficar a olhar-te, assim, sem barreiras entre o que meus olhos alcançam e o que de ti posso arrecadar em mim, recolhendo em cada instante sob a minha pele, essa luz viva que ofereces sem nada em troca receber, respirando essa frescura que te nasce nos ramos vestidos de branco, numa simplicidade feliz e tranquila, como a de quem tudo dá de si ao mundo, com a certeza de que o inspira com o que de melhor tem em si: a beleza de uma amendoeira em flor.


1 comentário:

Kel disse...

Não era bem essa a prespectiva que eu queria transmitir naquele pedaço de estória...mas é outra maneira de ver as coisas...
Porém acho que a verdadeira moral que de lá advém é de que não devemos de por em jogo coisas que são intrinsecamente nossas por outras pessoas...por muito que gostemos delas, o que é nosso e o q temos de mais precisoso não deve ser vendido!