Hoje corro. Encaro
o sol, marco passo. Danço e me desfaço, dos teus nós e dos meus laços que se enleiam, que se cravam, nesses pensamentos que se escapam entre anseios meus, tão somente
meus. Peço ao meu coração que me persiga, que se adapte, que não desista, que nem
cavalo que se instiga em trotes salgados, febris, dentro de um peito arrebatado,
renitente, ou crente, como as ondas deste mar bailarinas, sábias das suas
insígnias, enquanto mergulho o meu sopro no teu vento, e tento, guardar em mim
o teu perfume, lume que vem de dentro e incendeias sem intento, nesse mar feito
de ti. Mar onde me deito, num corpo esquecido, cansado, feito grito, que se
ilumina e se adivinha, desde que certo dia, ouviu a tua voz.
Trazes a
felicidade ao meu tempo, plena sobre asas de vento e raízes de vidro, num sabor
de ousadia e perigo, quando em ti me reencontro. Passeias a euforia que me
desdobra, como a andorinha deslumbrada de luz que traz a Primavera e adormece
por entre a meiga dor, que lhe relembra a saudade das amendoeiras em flor. Ouvem-se
sorrisos, cantam-se silêncios, perdoam-se as palavras vazias, e do meu peito no
teu ombro, brotam-nos novos dias.
Sentir-te, é
como viver ao pé do mar e não lhe poder sentir o cheiro. Esse teu cheiro a
vida.
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